domingo, 2 de agosto de 2009

Eu não valho nada!


Estava passeando feliz pelas ruas, seguindo o caminho que me levaria até o teatro e, em um dado momento, uma mulher me abordou, querendo algum trocado. Eu não tinha nada. Só um pedaço de papel que valeria a minha entrada no stand-up do Felipe Andreoli, não serviria pra ela, mas, era "importante" para mim.
Pedi desculpas e falei que infelizmente não poderia ajudá-la. E qual foi a minha surpresa? Ela respondeu:
– Você não vale nada!
A entonação me assustou um pouco. A afirmação veio com veemência.
Preocupada pensei: "será que estou diante de uma vidente?".
Como alguém pode saber algo tão pessoal? Será que ela investigou minha vida?
Talvez ela saiba do carimbo que furtei quando tinha cinco ou seis anos de idade. Ou, quem sabe, daquele lápis laranja fluorescente que peguei emprestado e não devolvi (porque esqueci e acabei perdendo).
Fiquei muito confusa com a situação, até pensei em perguntar a ela porque me incriminava daquele jeito. Porém, mudei de idéia, fiquei com medo de que ela soubesse algo horrendo sobre a minha pessoa... Algo que até mesmo eu desconhecia.
Às vezes, é melhor ficar na nossa, ainda mais, quando a gente "não vale nada" e a pessoa que está a nossa frente diz isso com grande certeza.
Relevei, engoli a curiosidade e segui meu caminho. Talvez a ignorância tenha me salvado de um forte trauma.
Apesar disso, ainda fico olhando para os lados, temendo que ela esteja a minha espreita, olhando tudo que faço para, a qualquer momento, me voltar qualquer outra incriminação.

Porque agora, já sabem que eu não valho nada... E me falaram isso com a certeza de quem diz que a maçã é uma fruta.
Eu já imaginava, mas, nunca me disseram isso antes. É estranho.

5 comentários:

  1. Pelo menos ela não disse que você era o capeta (igual aconteceu comigo) Oo

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  2. Mas, veja pelo lado bom, dizer que você é o capeta, não é apontar o dedo na sua cara e dizer algo que você realmente é.

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  3. Essa senhora que lhe pediu alguns ruquéres, mexeu mesmo com você! Lhe rendeu uma boa crônica até. Lembrou-me a estória de O Processo.
    Everton Diniz

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  4. Ah eu já desisti de procurar razão em gente desse tipo xD nem sabem o que falam... se eu estivesse junto, daria uma voadora na senhora que vale tão mais que você haha

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  5. Engraçada com tom de paranóia...adorei!

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